quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Se a raiva falasse...


Ela estava explodindo de raiva e não admitia que podia sentir raiva... Talvez porque, para nós mulheres, sentir raiva sempre foi considerado feio...
Então lhe perguntei:

Se sua raiva falasse o que ela diria?

Sentia um nó na garganta e vontade de sumir de tudo e de todos. Vontade de bater, de xingar, de gritar que a deixassem em paz definitivamente. Que parassem com o abuso, com o roubo, com a atitude passiva no lugar de assertiva. Chega de me sentir obrigada a fazer parte de um clã do qual não me sinto pertencer. Só me sugam, só me desrespeitam, me fazem participar de situações que não quero participar, não respeitam os “nãos” que digo em alto e bom som. Basta com os jogos de chantagem, geradores de culpa, chega de cair na história dos coitadinhos e coitadinhas que na verdade não são coitadinhos, nem coitadinhas... Não para continuar entre eles, o impulso me leva para longe, para ir para bem longe, sumir sem mesmo deixar rastro. Apagar da mente de todos eles minha existência. Vampiros, sugadores de energia, isto sim é o que são. Ainda que muitos deles disfarçados, todos sugam a energia como se fosse propriedade deles. Mas isto está chegando ao fim, é hora de cortar as correntes, desfazer os nós e as amarras e ficar livre. Livre de tudo e de todos, sem mais contato. O melhor é deixar desde já um plano para outra vida e não correr o risco de cometer o mesmo erro. Voltaria à terra encarnando em outro grupo de almas. Cheia, cansada, esgotada de ser abusada, explorada, manipulada. Tinha sido escrava até então e resolveu ser a sua própria Princesa Izabel e dar-se a alforria. Adeus a todos vocês, não me verão mais, não saberão mais de mim. Resolvam-se e parem de me encher o saco.  ADEUS.  Assinado: RAIVA.
Então ela conseguiu colocar um pouco do que a incomodava  pra fora...  E a cura teve chances de acontecer em seu mundo interno...
Ficar repetindo historias de mágoas, raivas guardadas como "papagaio" nunca ajudou ninguém a se curar, assim como guardar a raiva dentro como se fosse proibida, também nunca ajudou nada não... Mas expressa-la e deixa-la ir... Isto sim nos coloca no caminho da cura...