Tempos difíceis estes. Acordei algumas vezes pensando que
tinha tido um pesadelo. Era verdade, estava acontecendo. Uma pandemia ameaçando
a humanidade de extinção. E de uma forma “surreal” as pessoas estavam se
comportando como naquele filme “Não olhe para cima”:
- Não olhe para cima!
- Olhe para cima!
- Não olhe para cima!
- Olhe para cima!
Discussões e discussões sobre o caráter, o comportamento dos que
olhavam para cima e dos que não queriam fazê-lo.
Se não assistiu o filme é uma forma interessante de refletir sobre
a nossa própria alienação.
Alienação... Mas o que
realmente significa isto? As abelhas começaram a sumir e ninguém se importou.
Algumas pessoas falavam que não tinha problema porque não gostavam de mel,
outras davam graças a Deus porque tinham alergia da picada. Outras perguntavam
porque importar-se com as abelhas com tantas crianças abandonadas passando frio
e fome nas ruas...
Temos uma dificuldade de enxergar as coisas de forma sistêmica.
Precisamos acordar, despertar deste sono quase zumbi.
Em uma aula de Ecopsicologia com Marco Aurélio Bilibio eu o ouvi
perguntar:
“Como você explica uma espécie que destrói arrasadoramente o
próprio habitat do qual depende?”
Parece que vivemos em uma negação constante. Olhamos e não vemos.
Ouvimos e não escutamos. Fazemos, fazemos, fazemos sem qualquer consciência do impacto
deste fazer em nós enquanto pessoas, enquanto coletividade, enquanto planeta
que somos.
Precisamos TRANSGREDIR A NORMOSE, nos curar da patologia na qual
achamos normal o que claramente é absurdo.
Somos bons. Temos potencial, bondade, generosidade. Temos
recursos. Achamos que estamos prontos, mas precisamos mesmo aprender a ser
humanos. Este é um aprendizado crucial, fundamental, é uma prioridade.
Podemos mudar, eu tenho fé que sim.
Pensar globalmente e agir localmente significa que a transformação
é uma porta que se abre por dentro e se cada um abrir a sua, se cada um abrir
seus olhos de ver, seus ouvidos de ouvir e fizer a sua parte, podemos mudar o
mundo.
Um dos motivos que causaram a morte da maioria das abelhas no mundo
foi o fato de envenenarmos a terra com pesticidas. Sem abelhas, sem flores, sem
flores, sem frutos. Einstein disse em
uma conferência que se as abelhas desaparecessem da face da terra, os homens
teriam uma média de 4 anos de vida.
A pandemia já matou milhões de pessoas no globo e alguma das
pessoas duvidam de sua existência. Precisamos conter o vírus e continuamos nas
ruas nos recusando a usar máscara, a higienizar as mãos pensando que tudo não
passa de uma conspiração chinesa, ou simplesmente um jogo político, ou mesmo
uma invenção para que os grandes fiquem mais ricos.
Alienação. Negação. Fuga da realidade.
Olhe para cima! Não olhe para cima! O filme parece ser uma
metáfora perfeita.
Mas o que podemos fazer juntos?
O que eu posso fazer?
O que você pode fazer?
Confesso que não sei muito bem o que posso realmente fazer e o que
podemos fazer juntos.
As perguntas nos levarão às respostas, isto eu sei.
Eu peço à minha parte mais sábia que me ajude a despertar.
Eu rezo para que todos nós possamos despertar juntos.
Estas são apenas reflexões...
Abraços no coração, com gratidão e amor.
Keli Soares
