quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Quer escola melhor do que a vida?


Tem uma frase que fala... Aprendemos pelo amor ou pela dor... Penso que aprendemos com a dor e com o amor... A dor nos faz sair do lugar desconfortável e o amor nos acolhe... nos cura...

Nossas experiências do passado são jóias que nos enriquecem no presente, mas não podemos adotar uma postura de justificar nossos problemas atuais em função dos sofrimentos passados... Sou assim porque minha mãe isso... Meu pai aquilo... Meu irmão, minha professora... Minha infância foi sofrida e por causa disso não consigo isso ou aquilo... Essa bengala pode justificar, mas não nos traz bem estar, não nos ajuda a ficar bem. É preciso utilizar essas aprendizagens do passado para construir um presente mais significativo. Quanto mais difíceis as experiências que tivemos, maiores são estes aprendizados...

Castañeda tem uma frase boa pra nos ajudar com isso: “Há muitas coisas que uma pessoa pode fazer, em determinado momento, que não poderia ter feito anos antes. Essas coisas não mudaram; o que mudou foi a idéia da pessoa sobre si mesma.”

Podemos escolher ficar presos aos sofrimentos do passado ou nos libertar para viver no presente com o que ele pode oferecer. O presente é cheio de possibilidades, está aberto para que possamos vivê-lo e pronto para ser usufruído.

O que a gente faz então com os momentos difíceis do passado, com nossas histórias de mágoa que nos acompanham e ficam se repetindo?

Como disse Jung o que a gente mais resiste, persiste...

O que fazer para viver o novo, para enxergar as novas possibilidades?

Como nos livrar do vício das mágoas guardadas?

Eu não sei onde aprendi isso, mas guardar raiva é como tomar veneno e esperar que o outro morra...

De acordo com Teresa Robles não temos como mudar a história que vivemos no passado, mas podemos mudar nossa história íntima. Podemos acolher a parte em nós que foi magoada e deixar as feridas emocionais cicatrizarem. Achando que estamos nos protegendo vamos tampando as feridas e deixando-as abertas com medo de sofrer de novo...

Mas isso não ajuda em nada porque nossa mente vai continuar atraindo experiências que nos lembrará a ferida tamponada até que tenhamos coragem de enfrentar a dor e deixar cicatrizar... Cicatrizar não significa deixar que nos magoem de novo, vamos nos lembrar do ocorrido, mas sem dor, com mais força, mais entendimento e sabedoria. “A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”.

Eu sei que às vezes a pessoa vive experiências tão doloridas que fica difícil, sozinho (a) curar as feridas, se esse é o seu caso, procure ajuda de um profissional, você não precisa ficar sofrendo... A gente veio ao mundo para ser feliz essa é a verdade! Existem muitas técnicas que podem ajudá-lo a reencontrar sua natureza.

Eu tive uma infância privilegiada. Não que não tenha tido problemas e sofrimentos porque tive muitos... Mas somando todas as aprendizagens o saldo foi mais do que positivo. Morei em uma casa com um imenso quintal que tinha o pomar mais rico do mundo. Eu estudava em cima de um pé de jabuticaba. Usava o chão de terra como lousa. Lia as lições e com um pedaço de galho de árvore brincava de ser professora e ensinava o que tinha aprendido na lição. Há pouco tempo minha amiga Valéria disse que sempre que tinha prova ela ia lá estudar comigo porque eu ensinava bem...

Neste quintal eu fiz o velório e o enterro de todos os gatinhos e cachorros que tive e amava. Neste quintal brinquei de casinha, de teatro, de dar aulas e aprendi as lições mais variadas...

Eu poderia optar por continuar sofrendo pois meus pais brigavam muito, porque me sentia sozinha, porque isso ou aquilo, porque com 11 anos tive reumatismo e tive que fazer um doloroso tratamento com benzetacil até os 18 anos... Tomava uma injeção por semana, cada semana em uma banda do bumbum... Mas ganhei o livro da Pollyanna e adotei a estratégia dela. O quintal era meu refúgio quando a briga era grande. E quando ia toda semana à farmácia tomar injeção ia andando e administrando o medo...

Pensava no começo do caminho... Quando na volta, já estiver aqui, o líquido da injeção já terá se espalhado e não vai doer tanto mais... Andava mais um pouco e pensava... vai passar rapidinho... Vou ter uma semana de folga... Quando eu vir já terá passado... E assim driblei a dor por muito tempo...

Definitivamente não é inteligente ficar maldizendo a vida... É mais sensato fazer o melhor com o que não foi tão bom, decidir trilhar o caminho do amor, do coração... E isso me lembra de novo Castañeda:

“… Tudo é um entre um milhão de caminhos. Portanto, você deve sempre manter em mente que um caminho não é mais do que um caminho; se achar que não deve seguí-lo, não deve permanecer nele, sob nenhuma circunstância. Para ter uma clareza dessas, é preciso levar uma vida disciplinada. Só então você saberá que qualquer caminho não passa de um caminho, e não há afronta, para si nem para os outros, em largá-lo se é isso que o seu coração lhe manda fazer.

Mas sua decisão de continuar no caminho ou largá-lo deve ser isenta de medo e de ambição. Eu lhe aviso. Olhe bem para cada caminho, e com propósito. Experimente-o tantas vezes quanto achar necessário. Depois, pergunte-se, e só a si, uma coisa. Essa pergunta é uma que só os muito velhos fazem. Dir-lhe-ei qual é: esse caminho tem coração?

Todos os caminhos são os mesmos; não conduzem a lugar algum. São caminhos que atravessam a floresta, ou que entram por ela. Em minha vida posso dizer que já passei por caminhos compridos, mas não estou em lugar algum.

A pergunta de meu benfeitor agora tem um significado. Esse caminho tem um coração? Se tiver, o caminho é bom; se não tiver, não presta. Ambos os caminhos não conduzem a parte alguma; mas um tem coração e o outro não. Um torna a viagem alegre; enquanto você o seguir, será um com ele. O outro o fará maldizer a sua vida. Um o torna forte, o outro o debilita.”

Você já se fez essa pergunta hoje? Tem coração o seu caminho?

Se não, escolha trilhar o caminho do amor.

Se uma torcida ajudar, saiba que estou torcendo por você!!!


E plagiando meu primo Luttiano:

Abraços no coração!

Keli

6 comentários:

  1. Querida,

    Há muito tempo tento repetir para mim mesmo essas belas palavras que li aqui...
    Extráia de todas as suas esperiências aquilo que o ajudará a construir um futuro com mais amor...
    É muito complicado, e, por vezes, pensamos ser até mesmo irreal, porém de forma alguma o é.
    Experiências dolorosas todos nós temos, o que precisamos é aprender a lidar com elas:
    "O que importa não é o fato em si, e sim a maneira como lidamos com ele..."
    Acho que cada um de nós tem sua própria maneira de lidar com as dores e perdas pelas quais passamos...
    A minha maneira eu tento lidar com essas minhas experiências procurando não deixar que os sentimentos negativos de revolta, tristeza, mágoa, e, as vezes, até mesmo o ódio se apoderem de mim e nem que conduzam a minha vida, porém também não ajo como se os mesmos não existissem. Tenho consciência de que existem e estão presentes e precisam ser vivenciados para serem transformados. É mais ou menos o que você diz? Não me expresso bem como você. O que quero dizer é que procuro viver todos os sentimentos na medida em que os mesmos devem ser vividos, sem camuflar nenhum deles, ou simplesmente escondê-los das outras pessoas, quando na verdade não conseguiria nunca esconde-los de mim mesmo. Aprendi que quando vivo uma mágoa, por exemplo, em toda a sua plenitude, ela perde a força e então eu consigo transforma-la em aprendizado. Essa minha forma de trabalhar internamente meus sentimentos tem me proporcionado uma paz e serenidade que eu não costumo encontrar nas outras pessoas. Consigo hoje olhar para o meu passado, para as pessoas que me magoaram e não sentir aquele sentimento ruim que sentia na época. Acho que o fato de deixá-lo fluir sem reprimi-lo acaba por esgotá-lo, e chega a ser muito interessante poder comparar o que eu sentia na época e o que eu sinto agora pela mesma pessoa. Porém deixar esse sentimento fluir não significa agir da mesma maneira, ao contrário, meu lema de vida é: "Não faça aos outros o que você não quer que lhe façam..."
    Ah se todos pensassem assim!!!

    Não sei se ja percebeu o que seus textos estão provocando em mim...

    Eu costumava escrever muito sobre muita coisa e em um determinado momento, não sei bem onde, eu perdi a vontade...

    Obrigado por estar despertando de novo em mim esse desejo...

    Beijo grande no coração...

    Luttiano...

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  2. Ei Primo,

    Você está me acostumando bem... Rrrsss. Escrevo e já fico esperando seus comentários...

    Seria bom que todos encontrassem a sabedoria interna ao mesmo tempo, mas cada pessoa tem seu ritmo, seu tempo de aprender e de evoluir na vida... Mas caminhamos todos para esta clareza... Por isso a vida é uma escola.

    Que alegria saber que minhas palavras estão despertando o seu desejo em voltar a escrever... Escreva porque pode ajudar muitas pessoas!!!

    Você escreve muito bem e tem muitos conhecimentos. Não podemos negar nosso talento para a humanidade!

    Mãos á obra!

    Obrigada por estar me incentivando desde o começo do meu blog a continuar escrevendo!

    Pra você o meu sorriso!

    Abraços

    Keli

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  3. Olá tia, que texto bacana!

    Concordo com vc, nós nascemos é para ser feliz!
    Chico Xavier já dizia que não podemos voltar e mudar o passado, mas podemos recomeçar e fazer o futuro.

    As vezes não me dou conta que tudo o que acontece comigo é reflexo das minhas próprias atitudes, mas sei que tenho responsabilidade por tudo que acontece na minha vida.

    Por um lado me sinto frustada, de vez em quando, quando percebo que as coisas não estão caminhando de acordo com meus valores pessoais, mas por outro,uso o otimismo a meu favor, lembrando que ninguém tem mais controle da minha vida que eu mesma! As vezes isso é tão difícil de entender... espero que eu não seja a única rsrs

    Bjim

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  4. Oi minha linda prima... que significativas palavras do cotidiano. Realmente a vida mostra vários caminhos e depende se estar só o acompanhado para sentir o coração em qual caminho deva percorrer. Estive em muitas situações parecidas, mas tive uma luz que iluminou meu ego e meu coração, foi a Tia Lourdes, que abriu meu caminho e meu coração, pois sentia que era sempre deixado de lado, mas venci pelas palavras sábeis dela, como professora, como amiga e tia. Tudo em mim começou a se transformar e sabia que no fundo eu venceria, por mais espinhos que encontra-se pela frente. Eu sempre me comparava com outras pessoas e as julgava mas aprendi que nunca se deve julgar ou se julgar, pois cada qual mostra por fora, aquilo que traz por dentro. Recordo outra palavras que ela me disse quando estava em crise com meu pai: "Fale menos e pense mais, pois muita gente lembra peixe que se perde pela boca" pura realidade... Outra frase em que ela citou e que também não esqueço era: "Educação e trabalho indicam a paz segura, pois toda pessoa na vida tem aquilo que procura." Está ai a minha decisão pela minha profissão, ser educador, mas hoje está cada vez mais difícil, mas hei de vencer!
    Muita luz em se coração e beijos saudosos!
    Edson

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  5. Primo querido, que saudades! Que alegria receber seu comentário... Tia lourdes era uma pessoa muito especial mesmo. Tocamos um a vida do outro e nos ajudamos, esse é o maior propósito: servir! E você como educador tem mesmo um grande desafio, nunca desista porque com certeza já está vencendo e contribuindo para o crescimento de muitas pessoas! Muita luz pra ti também! Te adoro! Beijão . Keli

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  6. Juliana, minha linda!!!

    Bom demais você aqui! Você não é a única querida... É mesmo um desafio para todos nós e vamos fazer nosso melhor pra sermos felizes e espalhar essa alegria para todos ao nosso redor!
    Saudades amo-te muito! Tia Keli

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